quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Perçonhadir de Deus


Tem nego que se acha Deus 
e comanda a massa por trás do vidro... 
Digo,
Tem branco que se acha Deus
e comanda a massa por trás do vidro.
Adequa o som ao que é ouvido
e ao que é visto, tamanho o benefício.



Anjo

Residem nos mal envoltos informativos movidos de luz. 
Sua aura frígida consubstanciado ao imparcialismo em que se faz útil são determinações do “Marinho”. 
Foram surpreendidos quando viram seus sonhos de vida à mercê do Forte. A inocência do seu dever no sentido puro da criação, se perde intra-coração, logo após, as mãos abarrotadas de “agrados”. 
Seu perçonhadir é nítido e interativo. Sua função é de extrema necessidade visto o objetivo a ser alcançado. Anjos caídos se unem aos menos Fortes.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sua Sou

Sua Sou

É com ele que me preocupo
E até os fins dos tempos vou me preocupar
Razão do meu viver
Sua sou

No outro plano, não há planos
Só sim à minha voz
Você é meu

E sua soul também , digo, sou..

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Só Sei Que Nada Sei



           Tudo o que se tratava dele era incerto. O hoje, o amanhã, o que fazer, o que sentir, as atitudes então... Não tinha o que se esperar, nem o que premeditar, ou ao menos supor. Tudo que eu sabia é que era bom e ao mesmo tempo ruim, era forte e ao mesmo tempo frágil. Eu conseguia amar aquela situação e não dar a menor importância depois. Me via empolgada como nunca e em poucos instantes não me fazia quase nenhuma falta. 

           O que me intrigava é que eu não sabia abandonar, dar fim e seguir com a minha vida. Tinha algo ali que me prendia e impedia de dizer “adeus”. E só para não fugir da incerteza, não sabia se era amor, paixão, carência ou apenas safadeza. Também não descartava a ideia de ser gratidão ou parceria, como uma simples troca de favores. Se era puro ou pecaminoso? Isso realmente só Deus pode dizer, porque aos olhares de quem estava de fora parecia ser muito “complicadinho” de se entender. 

- Muito moderninho para mim. Replicava minha querida ouvinte.

           Mas era assim, se nós mesmos, pouco nos entendíamos, quem dirá os que não estão sentindo e/ou vivenciando? Apesar de que, tinha um lugar que conseguíamos nos entender perfeitamente. No recinto tudo saía com uma sincronia inquestionável. Talvez porque o uso de palavras era quase que totalmente dispensado para dar lugar ao bel-prazer de ambos. 

           
           Bel-prazer... Não é que essa palavra se encaixa muito bem no nosso caso? Já que ela significa vontade própria, ou seja, o indivíduo que abusa do seu livre arbítrio. E isso certamente reinava no nosso meio. Porém, ela se encaixa, mas não nos define, pois a definição vai além de uma palavra ou até de uma sequencia delas. Mesmo porque se tratando de incerteza, instabilidade, inconstância, mutabilidade ou qualquer outro sinônimo, o que eu escrevo hoje sobre nós pode ser totalmente diferente amanhã, só preciso não esperar por nada.



Por: Julia Watson


terça-feira, 20 de agosto de 2013

O Último Emprego


      Enquanto os outros desempenham suas funções com dedicação, o último encargo ainda está a se determinar. O contratante não tem pressa. Bem no fundo ele ainda acredita que o próprio ser humano, num ato de auto-reflexão, irá resgatar os princípios retirados de circulação.

     Que na verdade nunca existiram.
     A vacância continua. Como se trata de um trabalho imprescindível, trabalhadores temporários tentam cobrir a função com o maior empenho possível, se desdobrando durante dia e noite, sem pausa para pensar ou questionar, só executar. Onde houver miséria e violência eles estarão lá, trajados de preto e com a foice em punho, esperando o último sopro de vida. Com honra, todos abraçam temporariamente o ofício, a espera do seu líder.
     Eis que surge o candidato perfeito. Portador de olhar negro, opaco. Daqueles que não se consegue enxergar nada além do que é visto. Um ser sem passado. 
     Ele se apresenta como o detentor da função, e diz que nasceu na certeza de que em morte faria isso.
– Vais levar com a vida a certeza da morte eterna – diz o Contratante.
     Empregador e empregado caminham em passos curtos e tímidos. A empolgação de se conhecerem é como a de um marido que contrata um detetive para vigiar a esposa infiel. Nenhuma. Ao fim da caminhada, tudo é explicado com detalhes ao primeiro e último capitão.
– Toma teu cavalo, cavaleiro - ainda tímido, com a voz baixa.
     Ele já sabia o que estava acontecendo, mas precisava ver com os próprios olhos, que a terra não há de comer.
     O cavaleiro franze a testa ao olhar pra o animal. Ele era esverdeado, cor de cadáver, e com cheiro fétido. Era o único que sobrara, pois outros três cavaleiros já estavam em posse de três outros cavalos. No ato da montaria, sua pele começa a se evaporar, sumindo aos seus olhos. Em instantes, cavaleiro e cavalo eram apenas ossos e foice. O capitão com expressão de dúvida já resolvida, espora seu cavalo, guiando o animal portão a fora. O chefe, de cabeça baixa, deixa escapar um “ainda não...”

     Contenção dita em voz muito baixa para quem não ouviria nada mais, além do silêncio da morte.

Cura Pelo Inverno

           

      Estação de corpo frio e de mente fria. São palavras acompanhadas de olhos gelados. Só que o coração ainda é quente. Depois da proteção de gelo, o calor é intenso, dizem. Não sei. O que eu sei é que tudo isso é passageiro, e ela também sabe.
   Onde a chuva serviria pra unir, aqui ela nos separa, apesar de ser um período de vulnerabilidade. Foram quatro meses anunciando carência, que por muitas vezes se atestou ser falsa. Carência que não se via nem ouvia, só lia. 
     Quando esse inverno acabar, vou ter o verão pra refletir. Não saberei de sua falta, pois irá me acompanhar todos os dias, até o dia em que acharei alguém mais difícil de compreender. Sei do meu carma. 
      Inverno que vem estarei mais quente que nunca. Vou romper qualquer barreira de gelo que se aproxime. Ninguém vai ser frio o suficiente que eu não possa esquentar. A mais frígida será o meu problema atual, e como tal, tomará toda minha estação.